sexta-feira, 31 de agosto de 2007

OPINIÃO

A infeliz decadência da MPB

A musica popular brasileira, tem uma importância cultural inegável para o nosso país. Além de ser relevante para demonstração da nossa identidade cultural, preserva na memória da história nomes e músicas que marcaram épocas. Essa manifestação cultural contribui para consolidar nossa maneira de agir, de falar, nossos hábitos e fazeres, em um conjunto que nunca irá terminar.

A MPB, em 1964 passou por um período delicado, de censura e muita repressão, revelando nomes de sucesso, como Chico Buarque, que faziam as chamadas “canções de protesto” e transmitiam suas mensagens de forma subliminar, críticas escondidas da censura, aversão ao governo e um música feita com a alma e com a emoção por um povo que necessitava de um desabafo.

A cultura em todos os seus âmbitos incluindo o musical, necessita estar ligada ao poder, a política e revelar a identidade social e cultural do povo que a produz. Depois da ditadura a indústria da música lançou grandes artistas, isso, é inegável. Mas parece que aos poucos a essência do “bom artista” ou melhor do “bom ouvinte” foi esquecida. E hoje qualquer coisa é chamada de música.

Tudo virou MPB. Passou a esquecer-se o poder, os problemas e as diferenças, e a tratar somente do amor feliz e do mal resolvido, como se a vida girasse apenas em torno deste sentimento. Há alguns anos entrou neste cenário a retalhação total da música brasileira, letras obscenas e sem sentido, sem conteúdo e sem emoção. É a cara do povo do Brasil, de maioria “analfabeta de espírito”, que consome essa indústria inútil e desenfreada.

A música está distorcida. É uma “atoladinha” aqui, a “éguinha pocotó” ali, e a “Renata ingrata” por todos os cantos do país. É a mídia de todos os lugares dando espaço a esta “vergonha cultural” que a música brasileira está se tornando. Deixe nossas crianças ouvirem e dançarem. Ouça. Ninguém sabe quando e como isso vai acabar. É a música brasileira, que assim como o poder e a política, tornou-se uma piada.

AGOSTO, MÊS DO DESGOSTO


Dizem que agosto é o mês do desgosto. Tem quem diga que é o mês do cachorro louco. Com certeza é o mês que a maioria das pessoas não gosta. O porquê, ao certo, ninguém sabe. Agosto não existia no calendário romano, julho também não. Foi em homenagem aos imperadores César Augusto e Julio César estes meses foram instituídos ao calendário Gregoriano.




A “lenda” do desgosto vem de muitos anos. Os romanos tinham aversão a este mês, pois era nele que a constelação de Leão no hemisfério norte ficava mais visível, como não sabiam de que se tratava, achavam que era um dragão que passava pelo céu e cuspia fogo como forma de maldição. Quanta imaginação.




Fantasias deixadas de lado, anos depois, as portuguesas teriam motivos de sobra para odiar agosto. Durante este período ninguém queria casar. Era o mês do azar. Na época as expedições saiam em busca de novas terras. Quem casava em agosto além de não ter lua de mel, poderia acabar viúva. O motivo ficou cravado, e por via das dúvidas, ainda dizem que casar no mês do Santo Agostinho é mau agouro.




Já dos argentinos, dizem que até hoje, por pura superstição, ficam sem lavar a cabeça durante estes 31 dias. Quem agüenta? Acho que isso é só intriga de brasileiro. Falando no Brasil, é bem em agosto, no dia 22, que se comemora o dia do Folclore, curupira, saci-pererê, e mula sem cabeça estão a solta! Seria por isso o motivo de tanta superstição e lenda?




O que é fato é que grandes catástrofes históricas aconteceram neste mês. O massacre de São Bartolomeu, a primeira e, por coincidência, a segunda guerra mundial iniciaram, a destruição de Hiroshima e Nagazaki, entre outros. No Brasil o desgosto vem na linha política, Getúlio suicidou-se (pelo menos assim conta a história), Jânio renunciou, e Juscelino morreu em um acidente de carro.




Desgraças a parte, estas acontecem no mundo a todo o momento, eu tenho outras teses para tanto desgosto. Deve ser por que, na maioria das vezes, não é nem frio nem calor. Chove pra caramba e começa a dar saudades do verão. Pode ser por que é um dos únicos meses do calendário gregoriano que não tem feriado. Além de tudo isso é o mês que se “comemora” o dia das sogras. Quanta infelicidade, qualquer um entra em depressão. Não é a toa que é o mês com maior índice de suicídios.




E não adianta comprar cruz, figa, santo de proteção, sal grosso, bater na madeira ou qualquer outro objeto de superstição que possa afastar as más energias. Esta energia negativa fixa na cabeça de quem quer acreditar. O que eu acredito mesmo é que a “lenda” surgiu quando alguém percebeu que agosto rima com desgosto. Mas na dúvida, é bom saber que acabou. Agosto agora só no ano que vem. Ufa.

JONAS


Correndo pela vale das trevas,
Vejo a clareza de tu’alma
Iluminando todo o meu caminho.
Paro olho, e não te vejo,
Apenas sinto você comigo.
Sei que mesmo distante, tu me guias
E me tens em teu coração morto,
Assim como te tenho no meu vivo.
Saudades sinto, porém acostumei-me a viver
Sem ter-te ao meu lado.

sábado, 25 de agosto de 2007

PEQUENOS DETALHES


QUERIAM CASAR

Ela queria o quarto cor de rosa. Ele azul.
Ele queria cerveja. Ela vinho.
Ela queria fazer compras no shopping. Ele queria assistir futebol pela tv.
Ele adorava perfume de mulher. Ela era alérgica.
Ela queria ouvir pagode. Ele Heavy Metal.
Ele gostava de sorvete. Ela só comia a casquinha.
Ela queria amor. Ele queria sexo.
Ele era corintiano fanático. Ela odiava futebol
Ela queria pizza. Ele feijoada.
Ele deixava o creme dental aberto. Ela as maquiagens espalhadas.
Ela andava sempre na moda. Ele usava camiseta laranja, bermuda floral verde limão e havaianas azuis.
Ele gostava da praia. Ela amava o campo.
Ela queria balada. Ele uma cervejada com os amigos.
Ele queria um menino. Ela uma menina.
Ela queria viajar para Paris. Ele para Portugal.
Ele preferia o verão. Ela o inverno.
Ela era uma mulher. Ele um moleque.
Ele gostava de beijar em público. Ela tinha vergonha;
Ela era de peixes. Ele de aries.
Ele era ateu. Ela cristã;
Ela vestia 20 peças de roupa antes de sair. Ele odiava esperar.
Ela queria andar de mãos dadas. Ele abraçado;
Por fim, decidiram continuar morando com os pais.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

TUDO MUDOU



O rouge virou blush;
O pó-de-arroz virou pó-compacto;
O brilho virou gloss;
O rímel virou máscara incolor;
A Lycra virou stretch;
Anabela virou plataforma;
O corpete virou porta-seios;
Que virou sutiã;
Que virou lib;
Que virou silicone;
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento;
A escova virou chapinha;
Problemas de moça" viraram TPM;
Confete virou MM;
A crise de nervosa virou estresse;
A chita virou viscose;
A purpurina virou gliter;
A brilhantina virou mousse;
Os halteres viraram bomba;
A ergométrica virou spinning;
A tanga virou fio dental;
E o fio dental virou anti-séptico bucal;
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo;
O a-la-carte virou self-service;
A tristeza, depressão;
O espaguete virou Miojo pronto;
A paquera virou pegação;
A gafieira virou dança de salão;
O que era praça virou shopping;
A areia virou ringue;
A caneta virou teclado;
O long play virou CD;
A fita de vídeo é DVD;
O CD já é MP3;
É um filho onde éramos seis;
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail;
O namoro agora é virtual;
A cantada virou torpedo;
E do "não" não se tem medo;
O break virou street;
O samba, pagode;
O carnaval de rua virou Sapucaí;
O folclore brasileiro, halloween;
O piano agora é teclado, também;
O forró de sanfona ficou eletrônico;
Fortificante não é mais Biotônico;
Bicicleta virou BisPolícia e ladrão virou counter strike;
Folhetins são novelas de TV;
Fauna e flora a desaparecer;
Lobato virou Paulo Coelho;
Caetano virou um chato;
Chico sumiu da FM e TVBaby se converteu;
RPM desapareceu;
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix;
Raul e Renato,Cássia e Cazuza,Lennon e Elvis, Todos anjos;
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe;
A bala antes encontrada agora é perdida;
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante;
O professor é agora o facilitador;
As lições já não importam mais;
A guerra superou apaz...
E a sociedade ficou incapaz.....
De tudo.

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO